2005
Canto em Qualquer Canto
O espetáculo surgiu de um show apresentado por Ney em dezembro de 2004 no Sesc Pinheiros, em São Paulo, em comemoração ao aniversário do Canal Brasil. No show para esse canal, sugeriu-se a Ney que escolhesse, em seu repertório, o que gostaria de cantar. No DVD e CD, Ney manteve o formato do show, acompanhado apenas por quatro músicos - Pedro Jóia (alaúde e violão), Ricardo Silveira (guitarra e violão), Marcello Gonçalves (violão de sete cordas) e Zé Paulo Becker (violão) - e revisitando clássicos de seu repertório em forma de recital. Graças a discos como "Pescador de Pérolas" e "À Flor da pele", Ney adquiriu confiança para ser visto como um cantor que pode trabalhar com música de raiz, chorinho MPB, pop nacional e demais sonoridades, sem que isso pareça estranho para seus fãs ou para os que não conhecem tão bem seu trabalho.
Além das suas qualidades de cantor e intérprete, uma das coisas admiráveis é o seu completo domínio do show, dos seus mecanismos, da sua essência. Todos aqueles gestos, as danças, são feitas com tanta intenção, tanto propósito, que nem por um momento resvalam para o caricato. Além disso, e apesar de usar da palavra muito poucas vezes durante o show, ele está sempre em comunicação com o público.
Ney estava especialmente inspirado com a voz tinindo, passeando à vontade dos graves aos agudos mais lancinantes. Poucos intérpretes são capazes de deixar a platéia com a respiração suspensa, sem emitir um ruído sequer, já no finalzinho do segundo número, “Amendoim Torradinho” (do repertório de Ângela Maria), à espera do agudo final. Musicalmente, eles passeiam por gêneros diversos, mas são os ritmos latinos que soam mais incisivos - bolero, rumba, tango, fado, flamenco, samba-canção, maxixe, entre outros.
"Canto em Qualquer Canto" ganhou cores em diversos matizes e texturas que formaram um cenário que provocava novas leituras, de acordo com o que a música pede como no exemplo das duas enormes cruzes projetadas durante “Dos Cruces”, clássico da canção latino-americana. Ney abusa das cores fortes, indo até o carmim. Trocou a camisa branca básica, por uma preta com detalhes brilhantes, sempre aberta no peito.
A mudança do repertório também foi bastante significativa. Ney continua provocativo. Joga-se languidamente sobre a bancada para cantar o bolero “Lábios de Mel”, expõe o ombro, exibe o corpo sarado, e passa a mão no sexo durante “O Último Desejo”, levando a platéia ao delírio. Há momentos fortes e marcantes no show como em “Retrato Marrom”, “Tanto Amar” e “Já te Falei”.
Eles retornam para os bis fulgurante com “Poema” e três clássicos dos Secos e Molhados: “Rosa de Hiroshima”, “Fala” e a inevitável “Sangue Latino”, fechando o show chave de ouro.
Obs: As músicas podiam sofrer algumas alterações no decorrer dos shows.
SET LIST
Canto em Qualquer Canto
Amendoim Torradinho
Bamboleô
Uma Canção por Acaso
Ultimo Desejo
Dos Cruces
Retrato Marrom
Oriente
Duas Nuvens
Bandolero
Doce e o Amargo
Lábios de Mel
Ela e Eu
Tanto Amar
Já te Falei
Bis
Poema
Rosa de Hiroshima
Fala
Sangue Latino
Banda:
** Ricardo Silveira- Violão
** Marcelo Gonçalves - Violão
** Ze Paulo Becker - Violão
** Pedro Joia - Violão
Produção:
** Direção - Ney Matogrosso
** Produção - João Mario Linhares
** Produtor Executivo - Krishna Viegas
** Luz - Juarez Farinon / Ney Matogrosso
** Camarim - Marivaldo Santos
* Texto e pesquisa de Marcia Hack