1994
Estava Escrito
O espetáculo estreou no Metropolitan no Rio de Janeiro. Ney se despe das fantasias e faz da voz a sua arma principal para cativar a plateia.
Quando a cortina do teatro se abria surgia um Ney vestido pelo estilista Ocimar Versolato cantando “Fósforo Queimado” e o público pode testemunhar uma paixão antiga de Ney. Quando era menino em Mato Grosso, ele ouvia as musicas de Ângela Maria. Tudo isso bateu muito forte, anos depois em 1993, ao encontrá-lo junto a Cauby numa apresentação do Prêmio Sharp. Ney ficou muito emocionado e surgiu a idéia de regravar os sucessos da cantora, nascendo assim o show "Estava Escrito".
Os músicos eram perfeitos, Leandro Braga (piano), Marcio Montarroyos (trompete), Bruce Henri (contrabaixo), Fábio Zin (violão), e Zero (percussão) com uma abordagem jazzística que dava maior liberdade para os improvisos do cantor. Ney trouxe o repertório de Ângela Maria para sua praia. Os muitos fãs da cantora, que deu sua canja na noite de estréia cantando “Só Vives pra Lua”, aprovaram o resultado.
Muitas surpresas nesse show, entre elas uma cortina maravilhosa de cristal tchecos feitas pelo carnavalesco Bily Acioly com 450 mil cristais ornamento oportuno para o belo cenário de cabaré que a obra de Ângela inspira. Luzes vermelhas não poderiam faltar. O tratamento dado ao show foi de muito carinho, com todo o cuidado, tudo foi acompanhado de perto pelo artista. Ney evitou dar um tratamento com ares de pós-modernidade a esse repertório, sendo fiel ao ídolo e imprimindo um tom de “pecado rasgado, suado” às suas interpretações, não ficando em uma leitura intimista dos trabalhos da cantora. O clima até começava por ai, mas ia avançando pelos arranjos jazzísticos e caminhavam em direções às rumbas, outros ritmos caribenhos passando por interpretações dramáticas, acompanhadas do remelexo famoso do cantor, com seu visual ousado e sensual.
No show o cantor passa toda a emoção, poesia, sonoridade. O clima é intenso, de total entrega de Ney. O repertório do show é composto de vinte músicas irretocáveis entre clássicos como “Orgulho”, “Nem Eu”, “Saia do Meu Caminho” são algumas delas e jóias raras, lapidadas por Ney com rigor estilístico como na musica “Balada Triste”.
Na segunda parte o show mudava completamente, ao tirar o paletó de forma sensual cantava “Beijo Roubado” descendo e passando no meio da platéia, que aplaudia entusiasmada. Depois sentava na escada para cantar “Amendoim Torradinho”, algumas pessoas mais entusiasmadas aproveitavam para beijar e passar a mão no artista, o delírio era total. No final não poderia faltar “Babalú” na qual Ney dançava de um lado para o outro do palco e no final da música pegava uma rosa e jogava para as pessoas, um momento muito bonito.
Os arranjos do maestro e pianista Leandro Braga possuem raro requinte e modernizavam os sambas canções sem descaracterizá-los, mesmo resgatando o passado glorioso de Ângela Maria, Ney continua um artista sempre á frente de seu tempo.
SET LIST
Fósforo Queimado
Nem Eu
Estava Escrito
Orgulho
Recusa
Escuta
Desejo
Só Vives Pra Lua
Saia do meu Caminho
Abandono
Balada Triste
Noite Chuvosa
Eterno Amargor
Beijo Roubado
Amendoim Torradinho
Rio é Amor
Inspiração
Ave Maria
Babalú
Bis
Babalu
Obs: As músicas podiam sofrer algumas alterações no decorrer dos shows.
Banda:
** Leandro Braga - Direção Musical/ Piano
** Ricardo Silveira - Violão
** Fábio Nin - Violão
** Márcio Montayrros - Trompete
** Zero - Percussão
** Bruce Henry - Baixo
Produção:
** Direção - Ney Matogrosso
** Produção - João Mario Linhares
** Produção Executiva - Krishna Viegas
** Figurino - Oscimar Versolato e Ney
** Iluminação - Ney Matogrosso
** Camarim - Fúlvio
* Texto e pesquisa de Marcia Hack