Ney Matogrosso

Pescador de Pérolas

O projeto “Luz do Solo”, no Goldem Room do Hotel Copacabana Palace, acontecia à todo vapor, quando Ney foi sondado sobre a possibilidade de participar do evento, e perguntado a quem gostaria de se unir no palco. Uma coincidências de idéias, pensaram também em Arthur Moreira Lima, a partir de uma sugestão de um dos organizadores do projeto. Aconteceu então o que já era desejo de Arthur, principalmente se tratando de Ney Matogrosso, ao qual sempre tinha prestado muita atenção pelo seu registro vocal de contralto. Em 1986 os contratos foram feitos, reuniões, roteiro definido, pensaram na formação musical, onde se aliaria Paulo Moura e Rafael Rabello. Em março desse mesmo ano, acontecia um dos espetáculos que mais sucesso fez dentro do projeto Luz do Solo. Um projeto que reforçou a necessidade e a vontade de Ney de se expor o seu lado de intérprete, descobrindo o grande prazer de cantar.

O espetáculo estreou no Teatro Carlos Gomes no Rio. Ao longo de toda a sua carreira Ney encantou o público com sua sibilante voz de contralto e com uma notável presença em cena. "Pescador de Pérolas" traz um novo visual, em vez de plumas e paetês ele trajava um bem talhado terno italiano e camisa social branca. Os requebros deram lugar á serenidade. Sem batom, rímel, base e sombras coloridas, Ney canta de rosto limpo. No visual inédito, de elegância discreta, só a sua voz, eletrizante, continua a mesma. Com a voz, os músicos que o acompanham e repertório surpreendente o cantor fez de "Pescador de Pérolas" um show de primeira linha. Nesse show Ney mergulhou fundo voltando com as mãos cheias de preciosidades que dividiu com seus companheiros Artur Moreira Lima, Rafael Rabelo, Paulo Moura, e Chacal.

Em noventa minutos de show e vinte e três musicas contanto com o bis de “Besame Mucho” após pressão da platéia que não arredou o pé enquanto os astros não voltaram á cena. O quinteto desfilou um tanto do que havia de melhor na música popular brasileira, passeando pela América Latina em três números e acolhendo de forma maravilhosa e perfeita a ária “Mi par d´iu dir ancora”.

Os três primeiros números pertenciam aos instrumentistas que depois, ganharam espaço para o solo individual, Ney surgia em cena para cantar dramaticamente, de maneira seca, incisiva, renovadora, a obra prima “O Mundo é um Moinho” de Cartola. Dali seguia para “Segredo” em interpretação aproximada e começava a crescer com o tradicional “Tristeza do Jeca“ e à capela com o folclore “A Lua Girou”.

Nesse show Ney teve a oportunidade de mostrar toda a sua técnica interpretativa, alterando a voz normal com a colocação exata e as oportunas impostações que apareciam sobretudo nos médios e nos graves. Nas cirandas ambientadas por Villa Lobos distinguia cada melodia, com coloridos vocais diversos e extremamente difíceis.

A platéia deixava o teatro sabendo que assistiu a um concerto de qualidade especial e único.

Obs: As músicas podiam sofrer algumas alterações no decorrer dos shows.

SET LIST

 Batuque
 Duas Contas
 As Rosas Não Falam
 O Mundo é um Moinho
 Segredo
 Tristeza do Jeca
 Da Cor do Pecado
 A Lua Girou
 Mi Par D´U Dir Ancora
 Quem Sabe
 Adios Nonino
 Carinhoso
 Desvairada
 Lamentos do Morro
 Tarde de Chuva
 Espinha de Bacalhau
 Cirandas
 Besame Mucho
 Dos Cruces
 Alma LLanera
 Dora
 Rio de Janeiro (Isto é o meu Brasil)
 Aquerela do Brasil

BIS

 Besame Mucho

Banda :

** Arthur Moreira Lima - Piano
** Chacal - Percussão
** Paulo Moura - Sax
** Raphael Rabello – Violão

Produção:

** Produção - Manoel Poladiam
** Figurino - Maria José de Souza Coelho
** Palco - Cleber Raimundi
** Camarim - Francisco Xavier
** Secretário - Luiz Clericuzzi (Luizinho)
** Administração - Matogrosso Produções Artísticas

* texto e pesquisa de Marcia Hack