1980
Seu Tipo
O show estreou no Teatro Carlos Gomes, no Rio, completamente lotado. Da maquiagem muito colorida e carregada resta apenas um acentuado traço preto ao redor dos olhos. As roupas ousadas deram lugar as mais simples, embora ainda sensuais. Anéis, pulseiras, colares, penas, e outros tantos artifícios usados sempre com sucesso foram deixados de lado. Até a voz estava diferente, menos aguda e mais romântica. Apesar de toda essa mudança exterior permanecia o mesmo naquilo que faz dele um artista único.
Ney, de cara lavada, sem enfeites, expondo-se de corpo inteiro, sem medos ou inseguranças, partia para uma nova fase profissional mais madura. Ao invés de bandoleiros, pecados e feitiços apresentava uma faceta totalmente nova, o romantismo. O cantor se sobressaia mais do que o forte impacto visual que suas apresentações sempre causavam. “Na verdade não existia essa coisa de uma nova imagem, que as pessoas falavam é tudo uma questão de amadurecimento tanto da pessoa quanto do artista”, dizia Ney. Os cabelos estavam mais curtos, calça, gravata, colete e paletó tudo muito bem comportado, até certo ponto. Até começar um “strip-tease” completo, que o levaria a mostrar o corpo, mais delgado do que nunca.
“Eu disse para o Hugo Rocha que queria um terno, mas um terno cheio de macetes, que eram pra funcionar em cena”. E tudo nele era postiço, era como se fosse um cenário mesmo. “As pessoas usam roupa como roupa, eu usava como fantasia. A roupa de cena que tem que servir ao que eu proponho. Sempre era assim desde os tempos da roupa de crina de cavalos, meus trajes sempre tiveram uma função.”
E nesse show não foi diferente. Ney entrava em cena vestido com um elegante terno branco, com colete e gravata para surpresa do publico, que vibrava com a sua nova imagem, e curtia muito a sensualidade na segunda parte do espetáculo onde o cantor aparecia no velho estilo, mais sexy de peito nu e malhas super colantes.
Um dos momentos mais aplaudidos do show era quando Ney vestia uma malha super colante branca, pegava uma máscara de aço maravilhosa que descia no palco, colocava no rosto e nas mãos colocava os dedos de metal um momento muito lindo, cantava “ Um Índio”. Escondia-se a atrás de uma cortina azul para cantar “Fala” com o público vendo apenas a sua silhueta e as suas mãos gesticulando. A apresentação terminava com um incrível carnaval no palco e na platéia.
Um júri escolhido pela Associação Brasileira dos Produtores de discos elegeu Ney como o dos melhores cantores de 1978, ganhando também o mais importante e sério prêmio Villa Lobos, como melhor cantor.
SET LIST
Seu Tipo
Coração Aprisionado
Canta Coração
Jasmim
Não Há Cabeça
Cachorro Vira-Lata
Encantado
Fala
Doce Vampiro
Barco Negro
Balada da Arrasada
Ardente
Falando de Amor
Último Drama
Me Roí
Trapaça
Napoleão
Marina Marinheira
Tem Gente com Fome
Um Índio
Rio de Janeiro
** Um Índio
Obs: As músicas podiam sofrer algumas alterações no decorrer dos shows.
Banda :
** Jorjão - Baixo
** Jurim Moreira - Bateria
** Cidinho - Bateria
** Márcio Miranda - Teclados,Acordeon
** Márcio Teixeria - Sopros
** Aristides Mendes - Guitarra, Bandolim, Viola
** Celso Teixeira - Guitarra,Viola e Violão
** Arranjos - Jorjão
Produção :
** Iluminação - Jorginho de Carvalho e George Poladiam
** Sonorização - George Poladiam,Claudio Tovar e Eduardo Amarante
** Figuirinos - Hugo Rocha
** Palco / Camarim - Fulvio Casa
** Administração - Luiz Clericuzi (Luizinho)
** Direção de Produção - Carmela Forsin
* texto e pesquisa de Marcia Hack